Como o Brasil Está Usando Mosquitos para Combater Dengue e Zika

O Brasil está usando mosquitos com uma bactéria especial para reduzir casos de dengue e zika. Entenda como o método Wolbachia funciona e por que ele é seguro.

CIÊNCIA

12/15/2025

Mosquitos contra doenças: a estratégia que parece absurda

Pode parecer contraditório, mas é real: mosquitos estão sendo usados para combater doenças transmitidas por outros mosquitos. No Brasil, essa estratégia inovadora tem chamado atenção de cientistas e da população, especialmente no combate à dengue, zika e chikungunya.

A ideia soa estranha à primeira vista, mas tem base científica sólida — e os resultados já começam a aparecer.

Por que combater o mosquito é tão difícil?

O Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, se adapta facilmente ao ambiente urbano. Ele se reproduz rápido, precisa de pouca água e resiste a muitos métodos tradicionais de controle, como inseticidas.

Mesmo com campanhas frequentes, o Brasil continua registrando milhões de casos todos os anos, o que levou cientistas a buscar soluções alternativas.

O método surpreendente: mosquitos com Wolbachia

A principal estratégia usada no Brasil envolve a liberação de mosquitos infectados com uma bactéria chamada Wolbachia.

Essa bactéria:

  • não faz mal aos humanos

  • impede que o mosquito transmita vírus como dengue e zika

  • é passada de geração em geração entre os insetos

Quando esses mosquitos se reproduzem com os mosquitos comuns, a população local passa a ter menos capacidade de transmitir doenças.

Como funciona na prática?

Os mosquitos com Wolbachia são criados em laboratório e depois liberados em áreas urbanas, de forma controlada.

Com o tempo:

  • eles se reproduzem

  • espalham a bactéria

  • substituem parte da população do Aedes aegypti transmissor

O resultado é uma queda significativa nos casos de doenças, sem eliminar totalmente o mosquito do ambiente.

Resultados já observados no Brasil

Cidades brasileiras que adotaram essa técnica registraram:

  • redução de até 70% nos casos de dengue

  • queda expressiva de zika e chikungunya

  • diminuição da pressão sobre o sistema de saúde

O método é acompanhado por pesquisadores e autoridades de saúde, garantindo segurança e eficácia.

É seguro soltar mosquitos?

Essa é uma das dúvidas mais comuns — e compreensível.

Especialistas garantem que:

  • a Wolbachia já existe naturalmente em outros insetos

  • o mosquito não se torna mais agressivo

  • não há alteração genética no ser humano

  • não há risco ambiental significativo

Por isso, a técnica é considerada segura e sustentável.

O futuro do combate às doenças

O uso de mosquitos contra doenças mostra como a ciência pode encontrar soluções criativas e inesperadas para problemas antigos.

Se os resultados continuarem positivos, essa estratégia pode:

  • se expandir para mais cidades

  • reduzir epidemias recorrentes

  • salvar milhares de vidas

No fim das contas, o inimigo do mosquito pode ser… outro mosquito.